terça-feira, 26 de abril de 2011

A MAIS ELEGANTE

Asma al-Assad: A mulher que destronou Carla Bruni e Michelle Obama

21.12.2008 - 08:25 Por Margarida Santos Lopes
  • Votar 
  •  | 
  •  0 votos 
Se quiserem perceber o rumo que a Síria vai seguir, olhem para a beleza e elegância de al-akilatu al-raïs (a mulher do Presidente), diz-se no Médio Oriente. A revista francesa Elle olhou, e Asma Fawaz al-Akhras foi classificada, este ano, “a primeira-dama mais bem vestida do mundo”, relegando para 2º lugar Carla Bruni e para 3º Michelle Obama. E se em Paris causou furor numa visita aos Sarkozy, o objectivo de Bashar al-Assad será agora o de cativar os futuros governantes em Washington.
Asma al-Assad Asma al-Assad (DR)
“Os regimes autoritários têm de se modernizar para sobreviver, e a bonita, culta e secular Asma é um veículo para neutralizar críticas, sobretudo as externas”, afirmou à Pública, por telefone, Joshua Landis, co-director do Center for Middle East Studies da Universidade de Oklahoma e autor do influente blogue Syria Comment (http://joshualandis.com/blog/). Bashar al-Assad sabe o valor mediático que a sua mulher tem. “Há milhares de pedidos de cadeias de televisão americanas para a entrevistar. Os tipos do programa 60 Minutes da CBS estão sempre a telefonar. E até Oprah Winfrey já fez saber que gostaria de a ver no seu show.”

“Essas entrevistas estão a ser adiadas porque o Presidente quer que Asma seja acolhida em Washington com o respeito e a dignidade com que o palácio do Eliseu recebeu ambos [em Julho deste ano]”, acrescenta Landis. Em Damasco, ainda é uma ferida aberta a humilhação a que George W. Bush sujeitou Bashar al-Assad ao dar-lhe um visto para ir à sede da ONU em Nova Iorque apenas dois dias antes de proferir o seu discurso. “Ele não quis parecer que estava a implorar e cancelou a viagem.”

Bashar procura o timing certo, e espera que este chegue após a tomada de posse de Barack Obama, em Janeiro de 2009. “Assim que os Estados Unidos fizerem regressar o seu embaixador [as relações estão reduzidas ao nível de encarregado de negócios desde 2005], a Síria vai fazer tudo para se aproximar – incluindo retirar o peso estratégico aos laços bilaterais com o Irão”.

Os sírios “estão eufóricos” com o prémio Elle de Asma. Os milhares de expatriados, que “deliraram quando a viram ofuscar Carla Bruni nos Campos Elísios”, mas sobretudo as elites do país que “raramente vão à mesquita e têm uma fixação na cultura ocidental”, sublinha Landis, 50 anos, casado com Manar, de 37, filha de um antigo almirante de Latakia, cidade onde conheceu o Presidente, em 1999.

“Não é estranho”, esclarece o analista, que um país politicamente fechado sinta orgulho em exibir a sua primeira-dama, porque a minoria alauita (uma sub-seita do islão xiita) no poder sempre se manteve próxima de alguns valores europeus. “Bashar frequentou uma escola católica francesa em Damasco e doutorou-se em oftalmologia em Londres. Em Latakia, ele andava de jet ski ou de iate, e frequentava os cafés e restaurantes da moda.”

Manar e as duas irmãs, Maha e Dima, chegaram a ir à praia e a festas com Bashar, acompanhados de amigos comuns. Dessa convivência em Latakia, a mulher de Landis, com licenciatura mas sem prática em Medicina, guardou a imagem de um jovem “muito simpático e respeitador, responsável e de espírito aberto”. Mais tarde, em 2002, quando trabalhava para UNICEF em Damasco, também se cruzou com Asma, já envolvida em projectos de carácter social. Ficou “impressionada com a sua forte personalidade, inteligência, humildade e profissionalismo”.

Não é, porém, consensual a opinião que o casal Landis tem do par presidencial, ela de 33 anos e ele de 43. Joshua acha que é “história de amor”, embora reconheça que foi também “uma aliança política”.

Quando teve de suceder ao pai, Hafez al-Assad, que morreu em 2000, Bashar, “escolheu a mulher que seria a melhor para ele e para o país; ele era alauita e ela sunita”, a maioria que, na década de 1980, tentou derrubar o regime pela força. “Não foi do agrado de todos nas duas comunidades, mas foi a vontade dele que prevaleceu. E ele incentivou-a a cultivar a imagem de sofisticação que ela agora exibe. Reparem nas fotos dela antes do casamento – era bonita, sim, mas não tinha o glamour de hoje. Deve ter, certamente, alguém a cuidar-lhe do cabelo, da maquilhagem e do guarda-roupa”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário